Transformações na cadeia global de suprimentos exigem readequações nas empresas
As mudanças na cadeia global de suprimentos do setor metalúrgico, que incluem as fusões de grandes players internacionais e as novas políticas ambientais do governo chinês, devem funcionar como estímulos a parcerias inovadoras entre indústrias e seus fornecedores, à busca por materiais substitutivos e à reorganização setorial.
Foi o que apontaram os participantes da Plenária sobre riscos e oportunidades na cadeia de suprimentos realizado no dia 3 de outubro, durante a ABM WEEK 2017. O evento, realizado pela ABM, segue até o dia 6, em São Paulo.
“Estamos em um ponto de inflexão do mercado. É possível que tenhamos chegado ao fim da era de subsídios para matérias primas e materiais produtivos na China, o que força grandes readequações”, afirmou Fernando Pessanha Santos, diretor de matérias primas e suprimentos da Gerdau.
Santos destacou que o governo chinês tem demonstrado grande empenho em melhorar a qualidade do ar, encerrando as atividades de minas de carvão, plantas de eletrodos, fornos de indução e produção de material refratário. “Ainda não sabemos se há uma mudança de comportamento perene e qual será o impacto sobre a siderurgia ocidental. Mas é preciso agir”, apontou.
Entre os caminhos sugeridos para as indústrias brasileiras, Santos defendeu ser possível cooperar setorialmente para desenvolver materiais substitutos, estimular fornecedores atuais ou novos parceiros a adicionarem capacidade ou a entrarem em novos segmentos, ou ainda convidar empreendedores a investirem no Brasil. “Por algum tempo, foi muito comum preferir comprar de países de baixo custo. Mas talvez seja hora de rever a estratégia. Se determinados materiais passaram a impactar mais no custo ou na competitividade, é preciso que conheçamos com mais profundidade seu funcionamento, analisando possíveis mudanças, adaptações ou substituições”, analisou.
Parcerias
Se o momento exige relações mais próximas entre clientes e fornecedores, pode ser vantajoso apostar no conceito de co-makership, defendeu Luiz Fernando Mesquita, diretor comercial da SunCoke Energy.
Conforme lembrou Mesquita, as relações entre as empresas na cadeia de suprimentos geralmente têm natureza convencional – quando a compra é feita apenas com base no preço, com adversidade e desconfiança entre as partes. Com o estabelecimento do co-makership em diferentes estágios, a prioridade passa a ser qualidade. Quando a relação amadurece, a produção do fornecedor pode ocorrer dentro da planta do cliente, com processos simultâneos de engenharia e investimento compartilhado em pesquisa e desenvolvimento.
“Desde 2007, a SunCoke instalou uma planta dentro da ArcelorMittal, tendo estabelecido um contrato de longo prazo para fornecimento de coque. É um processo longo e você aprende diariamente com seu cliente”, explicou. A parceria resultou em uma economia de cerca de 50 milhões de dólares para a ArcelorMittal em 2016, segundo Mesquita.
Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de Operações Industriais Aços Planos América do Sul da ArcelorMittal, apontou que a integração exitosa entre as duas empresas se deu quando as equipes técnicas conseguiram estabelecer objetivos comuns para a produção. “Nosso principal cliente naquele negócio é o alto-forno”, concluiu.
ABM WEEK
Com uma programação ampla e diversificada, a ABM WEEK é composta por plenárias, painéis, mesas-redondas, fóruns, sessões técnicas, cursos e coquetéis. A 4ª revolução industrial, infraestrutura logística e impressão 3D estão entre os assuntos que ainda serão debatidos no evento.
Mais informações e programação completa no site do evento: www.abmweek.com.br .
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