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5 de Novembro de 2025

Mineração brasileira apresenta caminhos para redução de até 90% de suas emissões de carbono até 2050

A Coalizão Minerais Essenciais apresentou ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, um estudo que aponta caminhos potenciais para reduzir em até 90% suas próprias emissões de carbono

A Coalizão Minerais Essenciais, iniciativa que reúne 14 entidades e empresas do setor de mineração, apresentou nesta quinta-feira, 9/10, ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, um estudo que aponta caminhos potenciais para reduzir em até 90% suas próprias emissões de carbono e contribuir para a diminuição das emissões totais do Brasil até 2050. O documento também reforça que o setor mineral brasileiro tem potencial de reduzir as emissões globais da cadeia do aço e apoiar o processo de eletrificação global. A iniciativa é liderada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a Vale e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).  

A Coalizão foi constituída a partir de convite da Presidência da COP30, que sugeriu que seis setores chave da economia no Brasil (agricultura, energia, florestas, mineração, pecuária e transportes) se mobilizassem para propor caminhos de descarbonização, a serem apresentados durante o evento que será realizado em Belém, em novembro.

O estudo da Coalizão Minerais Essenciais mostra que a transição energética global está diretamente vinculada à mineração e que o Brasil está posicionado estrategicamente neste cenário, por possuir uma das maiores diversidades geológicas do mundo, um setor mineral desenvolvido e uma matriz elétrica renovável, entre outros fatores. Além de apontar qual é contribuição potencial do setor para a transição energética e para a descarbonização da economia, o estudo lista cinco pré-requisitos para que esse potencial seja atingido nos próximos anos.  

“As coalizões simbolizam o espírito de mutirão que a COP30 inspira: empresas, governo e sociedade civil atuando juntos, de forma colaborativa e pré-competitiva, para construir consensos setoriais e soluções alinhadas à ciência. A iniciativa é o ponto de partida de um processo que vai além do papel: transformar consensos em implementação para uma economia de baixo carbono. Nesse movimento, a Coalizão de Minerais assume papel estratégico ao propor caminhos concretos para descarbonizar sua cadeia e apoiar a transição energética global”, afirma Marina Grossi, presidente do CEBDS. 

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, considera o engajamento do setor privado essencial para a agenda climática avançar no Brasil. “Para a Vale, que tem a descarbonização como um dos eixos centrais de seu negócio, é um orgulho coliderar essa iniciativa. Principalmente num momento como este, em que os minerais de transição energética ganham relevância na geopolítica mundial. O Brasil está no centro dessa discussão, pois tem enorme potencial de produção desses minerais, além de ser um dos maiores produtores de minério de ferro de alta qualidade, essencial para a descarbonização da siderurgia”, avalia. 

"O relatório mostra que a mineração é um pilar essencial da solução para a crise climática", afirma Raul Jungmann, presidente do IBRAM. "O Brasil possui uma vantagem competitiva única, com diversidade geológica e uma matriz elétrica limpa. O estudo mostra que estamos prontos para fornecer os minerais que o mundo precisa para construir uma economia de baixo carbono, mas não podemos fazer isso sozinhos." 

 

Alavancas para redução das emissões 

A Coalizão analisou três escopos de contribuição da mineração para a descarbonização e a transição energética global. O primeiro, voltado para a diminuição de emissões da própria atividade de mineração, apontou redução potencial de até 80% das emissões do setor e a neutralização de cerca de 14% das emissões, levando a uma redução total de cerca de 90% até 2050. Foram estipuladas cinco alavancas para que esse cenário seja atingido: eficiência energética; uso de biocombustíveis; expansão do uso de eletricidade de fontes renováveis; eletrificação de frotas e equipamentos; e recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais. 

Um segundo eixo, dedicado a contribuições da mineração para reduzir as emissões da cadeia global do minério de ferro, indicou que as reduções podem chegar a 110 MtCO2e em 2050 (o equivalente a oito vezes as emissões anuais da mineração brasileira em 2022) por meio de produção de insumos para o aço de baixo carbono, como pelotas e briquetes para rota de redução direta. Além disso, há a possibilidade de redução das emissões em atividades como pelotização, transporte ferroviário e navegação internacional, dependendo de instrumentos econômicos e pré-requisitos apresentados no estudo. 

Já em relação aos minerais de transição energética – como cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros –, a Coalizão estima que o setor mineral brasileiro pode dobrar a produção desses minerais até 2050, levando a uma redução das emissões totais do país de até 300 MtCO2e por ano em 2050, o equivalente às emissões totais dos estados de São Paulo e Minas Gerais somadas em 2023.  

Esse cenário leva em conta o aumento da produção global de veículos elétricos para até 38 milhões adicionais em 2050, e a expansão da capacidade instalada de geração de energia eólica de até 830GW adicionais e de energia solar de até 610GW adicionais em todo o mundo em 2050, além da expansão de redes elétricas e sistemas de armazenamento de energia. 

O estudo ressalta também que o potencial de contribuição da mineração brasileira depende da construção de um ambiente favorável, articulado em torno de cinco pré-requisitos: melhorias no cenário regulatório-econômico, com a entrada em vigor da precificação de carbono; maior acesso a tecnologias com maturidade técnica e viabilidade econômica; redes de logística, energia e armazenamento com capilaridade e capacidade suficientes; instrumentos financeiros “verdes” e taxonomias sustentáveis consolidadas; e  um “prêmio verde”, um pagamento adicional por produtos de menor pegada de carbono, além de incentivos ao longo da cadeia de valor para a promoção de práticas como a circularidade.  

 

Sobre a Coalizão Minerais Essenciais 

A Coalizão Minerais Essenciais foi articulada a partir do “Mutirão Global” convocado pela Presidência da COP30. Reunindo empresas, associações, especialistas e representantes do governo, a Coalizão consolidou uma visão de futuro compartilhada, capaz de alinhar as contribuições do setor mineral brasileiro aos compromissos nacionais e internacionais de descarbonização e transição energética. Essa construção coletiva se deu por meio de workshops, entrevistas e análises setoriais, culminando no relatório que sintetiza o potencial de impacto positivo do setor e habilitadores sistêmicos para que este potencial possa ser alcançado. 

Clique para acessar o Resumo Executivo - Coalização Minerais Essenciais
Clique para acessar o Relatório Completo - Coalização Minerais Essenciais

 

Sobre o CEBDS 

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove, desde 1997, o desenvolvimento sustentável no Brasil, por meio da articulação junto aos governos e à sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Voz do setor empresarial, o CEBDS reúne mais de 110 dos maiores grupos empresariais do país, além de ser o representante brasileiro do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que está presente em 36 países e conta com 200 empresas associadas no mundo. 

 

Sobre a Vale 

A Vale é uma mineradora global que existe para melhorar a vida e transformar o futuro juntos. Uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro e níquel e importante produtora de cobre, a Vale tem sede no Brasil e atuação global. Suas operações compreendem sistemas logísticos integrados, incluindo aproximadamente 2.000 quilômetros de ferrovias, terminais marítimos e 20 portos distribuídos pelo mundo. 

A Vale tem as ambições de ser reconhecida pela sociedade como referência em segurança, a melhor operadora e a mais confiável, uma organização orientada aos talentos, líder em mineração sustentável, e referência em criação e compartilhamento de valor. 

 

Sobre o IBRAM 

O IBRAM é uma entidade privada sem fins lucrativos com mais de 300 associados, responsáveis por 85% da produção mineral do Brasil. Representa uma mineração ética, transparente, inclusiva e comprometida com boas práticas de ESG. Atua há décadas promovendo o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida. Suas ações visam construir um futuro mais produtivo e sustentável para o setor mineral. Lidera a transição da mineração com segurança e responsabilidade. Fortalece relações entre mineradoras, governo, sociedade e fornecedores. Estimula inovação, difunde conhecimento e articula oportunidades de negócio. Promove boas práticas e conecta o setor. Está aberto ao diálogo com organizações públicas e privadas. Atua com competência, escuta ativa e engajamento.