Indústria latino-americana dá sinais de retomada da produção de aço
Segundo a Alacero, produção de aço na região cresceu 8% em maio.
A América Latina enfrenta a maior crise de sua história moderna e está em um momento de transição com sinais de renascimento econômico, mas ao mesmo tempo com dificuldades no controle da pandemia. O impacto da crise decorrente do COVID-19 se reflete principalmente no consumo de aço, que diminuiu 30% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado e 11% no acumulado do ano. A maior queda ocorreu na Argentina, foi de 83% em relação a abril de 2019.
No entanto, um dos indicadores da recuperação é a produção de aço bruto em maio, que, embora tenha caído 29% em relação ao mesmo período no ano passado, subiu 8% em relação a abril deste ano, basicamente graças a Brasil. Nesse mês, a produção de aço bruto caiu 17% no acumulado do ano.
Comparativamente, a indústria siderúrgica mundial reduziu sua produção de aço bruto em 5,2% até maio de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, enquanto na China subiu 1,8%. Em relação ao mês passado, o mundo registrou um aumento de 9,1%, impulsionado pela China, que teve um aumento de 8,5%.
Estamos entrando em um estágio de transição, no qual a direção de curto prazo ainda não está clara, pois vemos alguns sinais positivos, mas os negativos permanecem. Devido à contração econômica, estima-se que a demanda mundial por aço diminua 6,4% em 2020 e recupere 3,8% em 2021. Essa redução deve-se principalmente à queda geral em todos os países, exceto em China, que crescerá 1% em 2020.
Importações desleais e produção local
Durante o primeiro trimestre, as importações como porcentagem do consumo alcançaram 35%, enquanto em abril aumentaram para 41%. A produção local no primeiro trimestre, entretanto, representou 81% do consumo, mas em abril foi de apenas 74%. Essa substituição da produção por importações nas atuais condições de crise deve ser um alerta para os governos enfrentarem esse problema.
"Temos que avisar que agora, mais do que nunca, é necessário evitar importações injustas, como as que vêm da China, e promover o consumo doméstico. Chegou a hora dos governos e da indústria trabalharem para criar condições, a fim de se fortalecerem após esse período, em termos de promoção de infraestrutura, cadeias de valor e fortalecimento do tecido industrial gerador de empregos ", afirmou Francisco Leal, diretor geral da Alacero.
A América Latina está em dificuldades, porque não possui capacidade econômica suficiente para enfrentar a crise da saúde pública e alguns governos não implementaram todas as ações necessárias para mitigar a situação difícil.
Países, como Cingapura, que além de usar a tecnologia e dedicar recursos (20% do seu PIB) para combater a pandemia, implementou medidas fiscais para reduzir o impacto da crise na economia, como a suspensão temporária de impostos, apoio à folha de pagamento das empresas para evitar demissões, alterações nos estatutos da invalidez para a saúde com maior contribuição do governo, auxílio direto às microempresas e economia informal sem obrigação de pagamento de empréstimos, entre outros. Essas medidas se mostraram acertadas, pois lá e em outros países que seguiram esse mesmo caminho os sinais de recuperação estão aparecendo mais rápido.