Fonte: Assessoria ABM

Muito além da mineração tradicional, cresce o entendimento de que o futuro da extração de matérias-primas pode estar, também, nos resíduos descartados diariamente por empresas e consumidores. É nesse contexto que se consolida o conceito de garimpo urbano, ou mineração urbana, prática que busca recuperar materiais valiosos presentes em eletrônicos, coprodutos siderúrgicos e outros rejeitos. A proposta é simples: reaproveitar o que já está em circulação, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais e ampliando a eficiência da cadeia produtiva.

Apesar de não ser um conceito novo, o garimpo urbano ainda sofre com a falta de compreensão por parte da sociedade. “Muita gente acredita que, ao separar o lixo seco, já cumpriu seu papel. Mas a reciclagem envolve várias etapas e depende de uma cadeia estruturada, desde o descarte até a reinserção dos materiais na indústria”, explica a pesquisadora titular do CETEM/MCTI, Lúcia Helena Xavier. Para ela, é essencial que o consumidor perceba o próprio poder de decisão: “Cada embalagem limpa e separada corretamente é uma matéria-prima em potencial”.

O professor Dr. Carlos Alberto Mendes Moraes, líder do Nucmat no PPGEC/Unisinos, lembra que a informalidade no consumo e no descarte compromete diretamente o avanço da cadeia da reciclagem no Brasil. “Produtos informais entram no mercado sem controle e não se sabe onde ou como serão descartados. Isso atrapalha a logística reversa e prejudica o planejamento de políticas públicas e ações empresariais”, afirma. Ele também alerta para os danos ambientais do descarte incorreto, sobretudo no caso de resíduos eletroeletrônicos: “Estamos falando de metais que poderiam ser reaproveitados, mas acabam contaminando o solo e a água”.

Segundo Lúcia, outro desafio cotidiano está na baixa valorização social dos profissionais da reciclagem, que muitas vezes atuam de forma invisível. “O catador é uma figura-chave no garimpo urbano. Mas ainda sofre com a falta de infraestrutura, reconhecimento e inclusão nos processos formais. É preciso enxergá-lo como agente ambiental, não apenas como alguém que revirou o lixo”, defende. Para ela, o fortalecimento das cooperativas e a inclusão dessas categorias em políticas públicas são passos fundamentais para escalar a prática.

Carlos complementa com uma visão sistêmica sobre a indústria. “Não se trata apenas de reciclar. Precisamos projetar produtos pensando no seu fim de vida útil, com materiais mais fáceis de desmontar, rastrear e recuperar. Isso é design circular, e tem que estar na prancheta desde o início”, destaca. Ele afirma que o garimpo urbano será cada vez mais relevante conforme aumentam as exigências internacionais por cadeias produtivas sustentáveis, especialmente em setores como siderurgia, mobilidade e eletroeletrônicos.

As reflexões sobre o potencial econômico e ambiental do garimpo urbano ganham ainda mais destaque na programação da ABM Week 2025, com três mesas-redondas dedicadas a temas diretamente conectados à prática. 

No dia 9 de setembro, o painel “Valorização e Avaliação do Ciclo de Vida dos Coprodutos Siderúrgicos” discutirá formas de reaproveitamento de resíduos industriais como estratégia de descarbonização. Já em 10 de setembro, a programação traz duas abordagens complementares: a mesa “Recuperação de Minerais Críticos e Estratégicos” analisará o reaproveitamento de metais raros a partir do lixo eletrônico sob a ótica da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), enquanto o painel “Eficiência Energética nas Aciarias” debaterá o impacto da otimização dos processos industriais para uma produção mais limpa e eficiente.

Na programação da ABM Week 2025:

Serviços | Mesa-redonda: EC e Sustentabilidade / Tema: Valorização e Avaliação do Ciclo de Vida dos coprodutos siderúrgicos e seus impactos na descarbonização

Data: 09/09/2025 | Horário: 11h00 – 12h40
Local: Auditorium Inovação — no Pro Magno Centro de Eventos, Avenida Professora Ida Kolb, 513 - Jardim das Laranjeiras, São Paulo – SP

Serviços | Mesa-redonda: EC e Sustentabilidade / Tema: Recuperação de minerais críticos e estratégicos e o uso associado da avaliação de ciclo de vida (ACV)

Data: 10/09/2025 | Horário: 08h30 – 10h10
Local: Auditorium Inovação 

Serviços | Mesa-redonda:  Fusão, Refino e Solidificação / Tema: Eficiência Energética nas Aciarias

Data: 10/09/2025 | Horário: 14h00 – 15h40
Local: Auditorium Ternium-Usiminas — no Pro Magno Centro de Eventos, Avenida Professora Ida Kolb, 513 - Jardim das Laranjeiras, São Paulo – SP

Inscrições: https://www.abmbrasil.com.br/evento/abm-week-9

Sobre a 9ª ABM Week
A ABM Week é o principal evento técnico-científico e empresarial da América Latina voltado para os setores de metalurgia, materiais e mineração. Realizada anualmente pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), o evento reúne profissionais, pesquisadores e empresas para discutir as últimas inovações e os desafios enfrentados pela indústria.

A 9ª edição tem a Ternium e Usiminas como anfitriãs e conta com o patrocínio de empresas como ArcelorMittal, DME Engenharia, Gerdau, Primetals, SMS group/Vetta, Vale, White Martins, CBMM, GECAL, Shinagawa, Acre, Aperam, Bruker, Carboox, Danieli, HWI – a Member of Calderys, Ibar, PSI Metals, Reframax, RHI Magnesita, Vesuvius, Aplan, Autron, AVB, Beda/Lechler, BRC, Clariant, CNBM, EnergyTech, GMI, Harsco, IMS Messsysteme GmbH, Jenike & Johanson, KAEFER RIP Serviços Industriais, Kuttner, Lhoist, Nalco/Ecolab, Phoenix, Polytec, QINGDAO NPA, Rimac, Russula, Stock Total, Tecnosulfur, TSR Mill Rolls, UMECC, Vika Controls, ABB, Açokorte, Advent Silica, Atomat, CEMI, CISDI, Cordstrap, Data Engenharia, Densit, Densix, Direxa, Delta Ducon, Durag Group, E-Crane, Eirich, Enacom, ESW, Evonik, Fluke, Fosbel, Furnace, GE Vernova, Gervasi, Grupo DR1, Hastec Group, Heraeus Electro-Nite, Instron, Intelbras, JT&Partners, KMD, Koppern Group, Lumar Metals, Magna, Nouryon, Nstech, Rijeza, SNF, Solenis, Spraying Systems, Suncoke Energy, TMEIC, Termopellets, Utis, Vamtec Group, Vixteam, Weir, Yellow Engenharia.