Em 1990, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que a segunda quinta-feira de novembro seria dedicada à celebração do Dia Mundial da Qualidade. Além de promover a valorização do tema, a data tem como objetivo incentivar a adoção de práticas que fortaleçam a eficiência operacional e aumentem a satisfação dos clientes.

Alguns países já celebravam o conceito há mais tempo, como o Japão — desde 1960 — e a China, a partir de 1978. Essa antecipação se deve à forte ligação entre a filosofia oriental Kaizen (termo japonês que significa melhoria contínua) e os princípios de qualidade.

Para o vice-presidente de tecnologia e qualidade da Usiminas, Silmar Rabelo, a data representa um momento de reflexão sobre as práticas adotadas no dia a dia, bem como de identificação de oportunidades de melhoria e reforço do compromisso com a excelência operacional.

Segundo Rabelo, a celebração possui importância estratégica para o setor industrial, especialmente diante da competitividade global. Ele ressalta a necessidade de tornar os conceitos de qualidade e melhoria contínua parte da cultura organizacional das empresas. “A qualidade está presente em cada aspecto da operação: desde a capacitação das equipes e o planejamento das atividades até as tratativas finais, demonstrando a valorização dos clientes”, afirma.

Apesar disso, não há limites para os aspectos que o conceito de qualidade pode abranger. É o que explica o gerente de produtos da Gerdau, Pedro Closs, ao apresentar o tema do ano celebrado pela empresa. “Neste ano, o tema ‘Qualidade: pense diferente’ nos convida a refletir sobre nossas práticas, repensar abordagens e buscar continuamente novas formas de promover a inovação e a excelência”, explica o executivo da Gerdau.

Para ampliar a discussão sobre qualidade na indústria, a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) promove eventos de aperfeiçoamento voltados ao público mínero-metalúrgico, além de incentivar a integração entre academia e mercado por meio da ABM Week — considerado o maior evento técnico-científico e empresarial da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração. A próxima edição será realizada entre os dias 8 e 10 de setembro de 2026, São Paulo.

Atualmente, as principais iniciativas das empresas incluem tecnologias de automação e uso de dados, mas, esses fatores, isoladamente, não garantem melhoria. “Para elevar a qualidade é essencial promover o desenvolvimento das capacidades dos colaboradores, assim como a transmissão de conhecimentos e habilidades técnicas”, afirma o executivo da Usiminas.

Ele destaca ainda que as iniciativas mais recentes buscam maior precisão na execução das atividades, rastreabilidade dos processos e agilidade na tomada de decisão — pilares fundamentais para sustentar a competitividade da indústria.

Para compreender o conceito de qualidade, Rabelo ressalta a importância de ouvir quem está no fim da cadeia: o cliente. É ele quem orienta a indústria na adequação dos produtos às especificações e desafios de uso. “O indicador interno que melhor reflete a melhoria da qualidade é o contentamento do cliente. Nossa missão é garantir que os aços que produzimos e comercializamos sejam utilizados de maneira integral e aplicados nas mais diversas áreas da sociedade. Portanto, a satisfação do cliente permanece como o indicador fundamental”, conclui.

Para Closs, os principais indicadores são confiabilidade, rastreabilidade e sustentabilidade. “Qualidade vai muito além do aspecto técnico, ela é também ética, ambiental e relacional, e deve nortear os princípios fundamentais da indústria. Não se trata apenas de atender aos clientes, mas de oferecer a melhor experiência a eles, adaptando-se com agilidade às mudanças e promovendo desempenho, valor e competitividade em toda a cadeia”.

Atendendo a esses marcadores, o executivo acredita que o mercado brasileiro pode se diferenciar ante a concorrência mundial. “A qualidade é o nosso passaporte para o mundo. Ao garantir conformidade com normas internacionais, certificação e rastreabilidade, conquistamos a confiança de clientes globais”, afirmou. 

Além de promover melhorias por meio de cursos e encontros, a ABM também disponibiliza pesquisas sobre o tema no acervo de suas publicações científicas divulgadas na Revista Tecnologia em Metalurgia, Materiais e Mineração (TMM) e no ABM Proceedings. As publicações podem ser acessadas diretamente no site da ABM.