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18 de Março de 2025

Brasil se consolida como protagonista no mercado de veículos elétricos com expansão de vendas e potencial mineral

Crescimento de 89% nas vendas de elétricos em 2024 e abundância de minerais estratégicos posicionam o país como peça-chave na transição para a mobilidade sustentável

Fonte: Assessoria ABM

O mercado de veículos elétricos no Brasil vive um momento de expansão sem precedentes, impulsionado pelo aumento de 89% nas vendas em 2024, com 177.358 emplacamentos de veículos leves eletrificados, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Esse crescimento, aliado ao potencial mineral do país, coloca o Brasil em posição estratégica para se tornar um dos principais players globais na produção e adoção de tecnologias sustentáveis.


O segmento de veículos elétricos plug-in, que inclui os modelos 100% elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV), lidera as vendas, com 71% de participação no mercado. O Estado de São Paulo se destaca como o maior consumidor, respondendo por 32% das vendas nacionais. Além disso, o último trimestre de 2024 registrou um salto de 105% nas vendas de eletrificados, com 136.767 unidades emplacadas entre janeiro e outubro, superando em 8% o total de uma década (2012-2022).


O crescimento é impulsionado pela maior oferta de modelos no mercado e pelo aumento da conscientização sobre os benefícios ambientais dos veículos elétricos. Os modelos 100% elétricos tiveram um salto impressionante de 420% nas vendas, enquanto os híbridos registraram alta de 51%. O mercado de híbridos plug-in, por sua vez, cresceu quase 200%, passando de 33.788 emplacamentos em 2023 para 98.396 em 2024.


Potencial mineral brasileiro: um diferencial competitivo


O Brasil não apenas consolida seu papel como mercado consumidor, mas também se destaca pela abundância de minerais essenciais para a produção de baterias de veículos elétricos. O país detém a maior reserva mundial de nióbio, a terceira maior de grafite e níquel, e é o quinto maior produtor de lítio. Além disso, possui reservas significativas de cobalto, manganês e alumínio, matérias-primas fundamentais para a fabricação de baterias de alta performance.


Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), as reservas nacionais de manganês correspondem a 15,9% do total mundial, enquanto as de alumínio (bauxita) chegam a 2,7 bilhões de toneladas. “A qualidade e a quantidade dos minerais brasileiros são um diferencial competitivo que pode transformar o país em um hub global para a produção de baterias e veículos elétricos”, destaca Valdomiro Roman, Diretor de Operações da ABM.


Projeções para o futuro


As projeções para o setor são otimistas. A Bright Consulting estima que o Brasil venda 1,4 milhão de carros elétricos até 2030, representando 2,35% da frota circulante. Já a Anfavea, em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), prevê que os veículos eletrificados ultrapassem os movidos a combustão até o final da década, atingindo 1,5 milhão de unidades em 2030 e mais de 90% do mercado em 2040.


Além dos veículos leves, o estudo aponta que os pesados também devem passar por uma transição, com as novas tecnologias de propulsão representando 60% das vendas em 2040. Para ônibus urbanos, a expectativa é que os modelos elétricos ultrapassem 50% já em 2035.


Compromisso com a descarbonização


A expansão do mercado de veículos elétricos no Brasil está alinhada com os compromissos globais de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Atualmente, o setor automotivo é responsável por 13% das emissões de CO2 no país, com 242 milhões de toneladas por ano. A adoção de medidas como a renovação da frota, inspeção veicular e programas de reciclagem pode evitar a emissão de 400 milhões de toneladas de CO2 nos próximos 15 anos.


“O Brasil tem todas as condições para liderar a transição para a mobilidade sustentável, tanto pelo potencial mineral quanto pelo crescimento do mercado consumidor. Essa é uma oportunidade única para aliar desenvolvimento econômico à preservação ambiental”, acrescenta Hideyuki Hariki, diretor administrativo e financeiro da instituição.


Com investimentos em infraestrutura de recarga, políticas públicas de incentivo e o aproveitamento do potencial mineral, o Brasil está pronto para se tornar um dos grandes protagonistas na era dos veículos elétricos, contribuindo significativamente para a descarbonização global.