Descarbonização na siderurgia e mineração: caminhos para um setor sustentável
Com o avanço da transição energética global, setores industriais buscam inovação para reduzir emissões e garantir competitividade

Fonte: Assessoria ABM
A descarbonização da siderurgia e mineração é uma prioridade estratégica no cenário industrial atual. Representando aproximadamente 7% a 9% das emissões globais de CO₂, a siderurgia e a mineração enfrentam o desafio de equilibrar a demanda crescente por metais e minérios com a necessidade de reduzir sua pegada de carbono. No Brasil, a mineração representa apenas 1,3% das emissões totais do país, enquanto a produção de metais contribui com 2,1%, de acordo com a Accenture.
Com incentivos financeiros cada vez mais atrelados a fatores ambientais, sociais e de governança (ESG), empresas do setor buscam estratégias para alinhar suas operações às exigências globais de sustentabilidade e aos novos requisitos regulatórios, como o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM) da União Europeia, que impõe taxas a produtos com alta emissão de carbono.
O Papel da Inovação e Tecnologia na Redução de Emissões
Uso de Hidrogênio Verde: A substituição do carvão pelo hidrogênio verde pode reduzir as emissões da produção de aço em até 95%. No entanto, desafios relacionados à infraestrutura e ao custo ainda precisam ser superados para a viabilização em larga escala.
Energia Renovável na Mineração: Com 85% da eletricidade brasileira proveniente de fontes renováveis – três vezes a média global –, as mineradoras do país têm uma vantagem competitiva significativa na transição para operações mais sustentáveis. Investimentos em eletrificação e fontes limpas de energia são fundamentais para reduzir emissões diretas (Escopo 1) e indiretas (Escopo 2).
Reciclagem e Economia Circular: A reciclagem de sucata metálica pode reduzir em até 60% as emissões associadas à produção de aço. No entanto, desafios logísticos e a disponibilidade de material reciclável ainda limitam a adoção dessa estratégia em maior escala.
Eficiência Energética e Digitalização: A automação, inteligência artificial e sensores avançados têm sido adotados para otimizar processos produtivos, reduzindo desperdícios e tornando as operações mais eficientes. Essas tecnologias são essenciais para a rastreabilidade das emissões de carbono, um fator cada vez mais relevante para investidores e reguladores.
Impactos Econômicos e Regulatórios
Estudos indicam que 63% dos investidores institucionais estão dispostos a desinvestir em empresas que não cumpram metas de descarbonização. Além disso, cerca de 59% dos investidores esperam que as mineradoras adotem uma postura de liderança na redução de emissões.
No Brasil, o avanço das regulamentações ambientais e o crescimento do mercado de créditos de carbono incentivam as empresas a investirem em soluções sustentáveis. Estima-se que, até 2030, o setor siderúrgico possa reduzir suas emissões em até 30% com a implementação de tecnologias mais limpas e políticas ambientais mais rígidas.
"A descarbonização tem sido um dos principais focos de discussão na indústria siderúrgica, como demonstrado na última edição da ABM Week. O hidrogênio verde e os biocombustíveis foram amplamente debatidos como alternativas viáveis para a redução das emissões no setor. O evento evidenciou que a indústria brasileira está cada vez mais engajada na busca por soluções tecnológicas que tornem a produção de aço mais sustentável e competitiva no cenário global." acrescenta Valdomiro Roman, Diretor de Operações da ABM.
Oportunidades e Desafios para o Futuro
A descarbonização do setor metalúrgico e mineração representa um desafio, mas também uma oportunidade estratégica para garantir competitividade no mercado global. Empresas que adotarem práticas sustentáveis não apenas reduzirão riscos regulatórios, mas também poderão acessar mercados com exigências ambientais mais rigorosas, obter financiamento sustentável e fortalecer sua reputação no cenário internacional.
O Brasil, com sua matriz energética predominantemente renovável e grande reserva de minerais estratégicos, tem a chance de se tornar um líder na produção de metais de baixa emissão de carbono. A combinação de inovação tecnológica, políticas públicas adequadas e investimentos em descarbonização será determinante para consolidar essa posição nos próximos anos.
A descarbonização dos processos mínero-metalúrgicos e outras temáticas relacionadas à sustentabilidade, serão abordadas ao longo da 9ª ABM Week, maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração, que será realizada entre os dias 9 a 11 de setembro de 2025, no Pro Magno Centro de eventos, em São Paulo. Para saber mais acesse: https://abmbrasil.com.br/evento/abm-week-9